quarta-feira, 21 de março de 2012

Álbum do dia: será que eu levo jeito?


Hoje enfim ouvi o novo CD de Marisa Monte(O que você quer saber de verdade) inteiro e de forma atenta. É um álbum que tinha tudo para ser espetacular se assumisse por inteiro o “ser brega”. Mas ela optou por uma construção menos ousada e mais voltada para seu publico costumeiro, tornou-se um disco irregular, se não vejamos:
1- A música de abertura dá nome ao disco. Simples, com uma melodia igualmente simples, despretensiosa e sem novidade alguma.
2- DESCALÇO NO PARQUE composta por Jorge Ben Jor nos idos dos anos 60, ganha uma nova roupagem típica dos arranjos da cantora, também sem novidade alguma.
3- DEPOIS, é terceira faixa e aqui o brilho ofuscado da cantora irradia, assume com força a sua veia clichê e faz uma música romântica-brega, deliciosa e sem os arroubos de modernização tão típicos de sua geração, com rimas fáceis e arrasadoras como[ Depois/ de varar a madrugada/ esperando por nada/ de arrastar-me no chão] tão comuns em músicas bregas ganham uma interpretação apaixonante.
4- AMAR ALGUÉM é a faixa tese. Com pretensão de ser despretensiosa e provar que tem algo a provar. Construída sobre os típicos arranjos e sem muita graça.
5- O QUE SE QUER é daquelas músicas limites, acerta no despojamento da letra juntamente com uma simples melodia estruturada numa base de sanfona, dando um leve toque de pseudoforró. Bonita afinal.
6- NADA TUDO é daquelas músicas sem inspiração, morna, chata e sem paixão. Podem pular a faixa, não vão perder nada.
7- VERDADE, UMA ILUSÃO. A quinta faixa é também uma música simples e bela, com um tom leve Marisa acerta na interpretação e a canção soa algodoada.
8- LENCINHO QUERIDO é um tango imortalizado na voz de Carlos Gardel e apaixonadamente cantado por Dalva de Oliveira nos anos 50 e que aqui se arrasta na voz de uma Marisa Monte sem brilho algum.
9- AINDA BEM é faixa que se tornou “música de trabalho” da cantora, é a minha preferida, exatamente por ser assumidamente brega, inclusive com belas reformulações de arranjos de ritmos latinos. É uma música explosiva, vivaz e que emociona, e com uma interpretação brilhante.
10- AQUELA VELHA CANÇÃO, aqui ela resolveu segurar o clichê romântico, mesmo que com uma pequena dose de ironia, a barreguice ganha novos tons e com certeza deixa a canção “ linda de morrer” talvez a segunda mais bela do disco.
11- ERA ÓBVIO, não é excelente como as duas anteriores, mas é verdadeira, bonitinha e lembra meus 18 anos...
12- HOJE EU NÂO SAIO NÃO, é um forrozinho composto por Marcelo Janeci e Arnaldo Antunes, é uma canção charmosa e encantadora.
13- SEJA FELIZ. É uma música chata, poderia ficar sem ela, sem lugar na narrativa do disco.
14- BEM AQUI encerra o álbum, concretista como muitas músicas composta por Arnaldo Antunes, mas não diz muito. Contudo me identifiquei com os versos [pra onde ir/todo lugar tem/ o seu aqui].

J.

2 comentários:

Gomorra disse...

Pronto!

Era uma apreciação tão minuciosa, apaixonada e crítica como esta que eu precisava para deixar de "panacê" (como diz a Ninalcira), tomar vergonha e baixar logo esse disco. Ainda esta semana, eu faço isso, visse? E te devolvo a resenha. desde já, deveras ansioso pela audição!

WPC>

Gomorra disse...

E sim, meu bem, tu levas muito jeito! Incrível como tu não misturas as coisas: deixa claro que a audição é permeada com muita comparação que toda memória afetiva relacionada à cantora tem em sua vida, mas não fica preso a isso. Lindo! Por isso, te amo, visse? E digo!

WPC>