quarta-feira, 28 de março de 2012

Gênio ou apóstolo?


Foi durante o romantismo que o conceito de gênio foi fortemente ligado a uma obra de exceção perpetrada pela natureza. O gênio era um homem que, de forma excepcional, estava acima das potencialidades do homem comum. Influenciado pelo romantismo alemão o filósofo Søren Kierkegaard fez uma distinção entre o apóstolo e o gênio, afirmava que o apóstolo é um caso incrivelmente mais raro que um gênio, já que ser um apóstolo é ir contra a natureza, contra os desejos e vontades intrínsecas a espécie humana e isso é um movimento que se dá no absoluto da subjetividade e muito mais difícil do que a natureza prover um gênio. Digo isso porque quando acabei de ver a pérola cinemática “Um Método Perigoso” tinha certeza que o diretor David Cronenberg era uma espécie de apóstolo do cinema!

J.

domingo, 25 de março de 2012

E NÃO SOBROU NADA NO FIM?


Enfim terminei de ler um livro que estava a mais de uma semana, acho que uns 15 dias, tentando me livrar. Livro que foi muito elogiado por um amigo meu, mas que se mostrou desde o inicio brando, confortável e desmotivante. Particularmente achava que o meu amigo não iria gostar desse tipo de leitura, mas nem sempre é assim, às vezes as coisas nos afeta de modos diversos, mesmo na apreciação estética de um produto artístico que em determinados casos precisa de certa objetividade, mas como venho lendo em um texto filosófico contemporâneo o EU é algo realmente impertinente, neste caso especifico do meu querido amigo é a experiência absolutamente subjetiva que avalia e encontra resposta objetivas para justificar as opções do gosto. O que nos leva a questão da identificação, mas o fato de você se identificar subjetivamente com algo não torna esse algo bom, o que acontece é que esse algo lhe torna afetivo, por uma relação análoga com uma ou algumas memórias e ou recordações afetivas.

UM DIA é O livro em questão e tem uma narrativa fácil e limpa, desejável, sim desejável para quem tem a tarde livre ou teve um dia cansado e ao lado de uma pipoquinha melhor ainda. Ele camufla os personagens que são críveis em determinadas situações, mas essas situações são mostradas acabadas, assépticas, sem rupturas e o pior é que tem essa pretensão de atingir uma ruptura, ao menos no conteúdo e mostrar uma realidade não comum a esse tipo de texto, mas isso é falsoE ele não tira a roupa dos personagens, não deixa que eles fiquem nus, expostos, tem sempre um colchão em baixo para apará-los na queda, ele no máximo deixa a mocinha sem luvas e mocinho de cueca, ele não deixa que eles se fodam e mostra uma historieta de encontros e desencontros como uma menina iludida depois do beijo inventado num sonho. Até que ele almeja um tom mais vivaz nas cem últimas páginas de suas 400 laudas, é uma espécie de último suspiro antes que acabe. Mas é um rápido e fugaz suspiro....

Essa semana que vem quero estrear outro livro, algo mais sério com certeza, talvez um livro brasileiro ou um clássico.

J.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Álbum do dia: será que eu levo jeito?


Hoje enfim ouvi o novo CD de Marisa Monte(O que você quer saber de verdade) inteiro e de forma atenta. É um álbum que tinha tudo para ser espetacular se assumisse por inteiro o “ser brega”. Mas ela optou por uma construção menos ousada e mais voltada para seu publico costumeiro, tornou-se um disco irregular, se não vejamos:
1- A música de abertura dá nome ao disco. Simples, com uma melodia igualmente simples, despretensiosa e sem novidade alguma.
2- DESCALÇO NO PARQUE composta por Jorge Ben Jor nos idos dos anos 60, ganha uma nova roupagem típica dos arranjos da cantora, também sem novidade alguma.
3- DEPOIS, é terceira faixa e aqui o brilho ofuscado da cantora irradia, assume com força a sua veia clichê e faz uma música romântica-brega, deliciosa e sem os arroubos de modernização tão típicos de sua geração, com rimas fáceis e arrasadoras como[ Depois/ de varar a madrugada/ esperando por nada/ de arrastar-me no chão] tão comuns em músicas bregas ganham uma interpretação apaixonante.
4- AMAR ALGUÉM é a faixa tese. Com pretensão de ser despretensiosa e provar que tem algo a provar. Construída sobre os típicos arranjos e sem muita graça.
5- O QUE SE QUER é daquelas músicas limites, acerta no despojamento da letra juntamente com uma simples melodia estruturada numa base de sanfona, dando um leve toque de pseudoforró. Bonita afinal.
6- NADA TUDO é daquelas músicas sem inspiração, morna, chata e sem paixão. Podem pular a faixa, não vão perder nada.
7- VERDADE, UMA ILUSÃO. A quinta faixa é também uma música simples e bela, com um tom leve Marisa acerta na interpretação e a canção soa algodoada.
8- LENCINHO QUERIDO é um tango imortalizado na voz de Carlos Gardel e apaixonadamente cantado por Dalva de Oliveira nos anos 50 e que aqui se arrasta na voz de uma Marisa Monte sem brilho algum.
9- AINDA BEM é faixa que se tornou “música de trabalho” da cantora, é a minha preferida, exatamente por ser assumidamente brega, inclusive com belas reformulações de arranjos de ritmos latinos. É uma música explosiva, vivaz e que emociona, e com uma interpretação brilhante.
10- AQUELA VELHA CANÇÃO, aqui ela resolveu segurar o clichê romântico, mesmo que com uma pequena dose de ironia, a barreguice ganha novos tons e com certeza deixa a canção “ linda de morrer” talvez a segunda mais bela do disco.
11- ERA ÓBVIO, não é excelente como as duas anteriores, mas é verdadeira, bonitinha e lembra meus 18 anos...
12- HOJE EU NÂO SAIO NÃO, é um forrozinho composto por Marcelo Janeci e Arnaldo Antunes, é uma canção charmosa e encantadora.
13- SEJA FELIZ. É uma música chata, poderia ficar sem ela, sem lugar na narrativa do disco.
14- BEM AQUI encerra o álbum, concretista como muitas músicas composta por Arnaldo Antunes, mas não diz muito. Contudo me identifiquei com os versos [pra onde ir/todo lugar tem/ o seu aqui].

J.

terça-feira, 20 de março de 2012

Minha pequena etiqueta intelectual


Caro diário.

Espero ansiosamente por uma correspondência com um suposto material de estudos. Enquanto isso, fui convocado para participar de um congresso na universidade em que estudo. Não sei ainda do que vou tratar isso me deixa com um pouco de angústia que espero logo acertar as pontas.
Resolvi criar metas semanais e entre elas está ouvir um álbum diferente a cada dia da semana. Hoje a bela e forte voz da cantora pernambucana CÁTIA DE FRANÇA, em seu álbum de 1979 “ 20 palavras ao redor do sol”. Não conhecia a dada artista até meados do ano passado e só posso dizer que ela é realmente fascinante, canta música popular e isso não quer dizer que ela é reduzida a refrãos fáceis, ao contrario uma boa dose de realismo fantástico ou mesmo lisérgicas poesias são cantas em suas músicas. Meu amigo e “filho” Aelton Leonardo ficou curioso e me parece que gostou. Ainda hoje a ouvirei antes de dormir.

Outra meta da semana é ler um livro de literatura ao menos, já que fico muito junto dos livros técnicos relacionados ao meu curso e minha atual pesquisa em filosofia. Esta semana quero dar cabo no livro que estou lendo desde a semana passada e o qual realmente não me empolgou muito. É um tipo de escrita que não me motiva e é estranho que um amigo que confio muito o interpretou de forma tão cativante que pensei seriamente que iria adorar, mas as experiências de cunho subjetivos têm dessas coisas....


Espero me senti mais reconfortante cumprindo com essas pequenas metas diárias.
J.

domingo, 18 de março de 2012

Salvando o fim de semana: CINEMA CLÁSSIVO!

1-UM AMIGO MEU é um filme alemão contemporâneo. Logo é um filme perdido em sua estrutura narrativa e consequentemente força dramática, como acontece com muitos filmes lançados nos tempos atuais pelo cinema alemão, exceto um ou dois casos que extrapolam a estética MTV que os concebem. O cinema alemão sempre tão forte e inventivo foi arrastado junto com a queda do muro de Berlim e se reergueu sob uma base arenosa e vendável da sociedade do espetáculo e do consumo. E por mais que os temas sejam e sua grande maioria alçados pela crise cultural de seu país, não avançam nas discursões que são submetidas a uma forma vendida e pervertida. O que de fato pode ser explicado pelo abandono do paradigma da escola alemã forjado por nomes como Fassbinder, Herzog, Kluge e outros nomes. O filme aqui em questão não é de todo ruim, nos encanta enquanto um filme sobre a amizade, sobre concessões voluntaria e involuntária. De modo que a identificação às vezes prejudica até nossa avaliação valorativa objetiva.
2-UMHOMEM QUE AMA é um filme Italiano contemporâneo. E parece que do mesmo modo uma crise paradigmática assombra o cinema na Itália, que outrora foi responsável por um dos maiores movimento cinematográfico: o neorrealismo. Parece que a uma crise politica e econômica que anda afetando a criação artística na Europa. O filme aqui conta a estória de u farmacêutico que sofre com a separação com a namorada e que passa a persegui-l a e a ter insônia, mesmo depois que passa a se relacionar com outra mulher. É um filme morno, enfadonho até, apesar do tom belo e poético de sua fotografia, mas nada vai, além disso, o problema é que o personagem facilmente encanta pelo poder de identificação com a plateia, o que faz com que o filme suspire em alguns momentos.
3- SUBLIME OBSESSÃO. É um filme clássico americano dos anos de 1954 e sinceramente é explosivo, é visceral, é crédulo é verdadeiro, acima de tudo é um filme que acredita que é verdadeiro. Não tive duvidas quando decidi ver um clássico a fim de combater as mornas experiências estéticas proporcionadas pela cinematografia contemporânea. O filme de Douglas Sirk é até forte pois se entende enquanto melodramático e sabe conjugar exatamente todos os elementos para tal. Uma trama onde a dedicação amorosa a um pessoa pode se tornar uma obsessão, mas uma sublime obsessão, onde a base está no amor que se esconde para “ preservar a força individual”. Amei o filme , me deixou crente e com vontade de vida. É esse tipo de filme que eu estava precisando e tenho dito Douglas Sirk é meu conselheiro emocional!


J.

sexta-feira, 16 de março de 2012

E mais um dia se passou.


O congresso da ANPOF- associação nacional de pós-graduação em filosofia é o maior evento de filosofia que acontece do Brasil. E ontem eu me inscrevi e submeti um trabalho para ser avaliado, se aprovado em novembro irei à Curitiba. Não é bem um lugar que eu queira conhecer dado o comentário de alguns amigos próximos. Enquanto isso, tento preparar minha comunicação algo que deve girar em torno da subjetividade em Kierkegaard e sua ressonância em Foucault.

Ontem também fui assisti no CINE UFG ao filme “Bye, Bye, Brazil”(1980) de Carlos Diegues que hoje é vinculado ao tipo de cinema feito como espelho da programação televisiva hegemônica, mas que outrora fez esse filme excepcional, de uma beleza e de um censo critico e narrativo que beira a perfeição, com interpretações apuradas e até um Fábio Junior que felizmente não cantou, e mostrou uma sensualidade fresca e tímida o deu a seu personagem uma credibilidade estonteante.

Li outro tanto de um livro best seller , bobinho é fato, mas que já está começando a mim animar. Por enquanto é isso...
J.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Entre a cultura de massa, proto-protestos e um sono que não resolve.



A mais de três dias que eu não consigo dormir direito, um sono intranquilo, raso, preocupado. Ontem cheguei até o terceiro capítulo de um livro que foi muito comentado por um grande amigo meu, é um texto fácil, de construções senso comunal, escrito para a grande publico, numa linguagem formal pobre, ele está até agora parecendo puro entretenimento. Não cheguei nem nas suas primeiras 100 páginas de mais de 400 é fato, mas ele não está me dizendo muita coisa. Mas ele tem evidências que pode melhorar ao menos os trechos das cartas contidos entre um capitulo e outro, tem um tom nostálgico, isso talvez venha a fazer dele algo interessante.

Tomei um calmante, precisava dormir. Sou daqueles em que a constância emocional não me persegue se na última postagem o dia era brilhante, vivo e intenso, já não posso dizer o mesmo agora, e graças a esse sono maldito que me deixa a velar a minha mente que acelera pensando em milhões de acontecimentos recentes e não recentes e até planejando futuro. Enquanto escrevo nesta madrugada mais uma vez insone e que meus olhos pensam, penso no arremedo de filme que vi ontem à tarde chamado “Reincarnate” (2010), baixei por acaso através de um site que o listava como um filme que protestava contra a censura de seu país que quer banir todos os filmes imorais e contestadores da ordem religiosa e política. O filme é um não filme, é vazio, inócuo, não diz nada, um rapaz é filmado olhando uma paisagem apenas de cueca, depois vai a um templo budista, depois um jogo infantil, depois mostra uns garotos de programa se masturbando, depois numa cidade mostra a mãe comendo, mais paisagem e pronto acaba, isso tudo numa lentidão sem sentido algum, sem ritmo algum, sem força, sem reflexão, sem forma, exíguo. Não é um filme é uma colagem espúria de cenas proto-experimentais . Deus que me livre!

Antes de cair no sono induzido, vi um clássico para rebater a miséria que tinha assistido. O cultuado filme “A dama do lago”(1947) filme noir conhecido por ser narrado em câmera subjetiva, um estranho filme admito, mas absolutamente inovador pra sua época e como não poderia deixar de ser com uma trama complicada, que vai se desenrolar por inteira apenas na última sequência. Apesar de no fundo achar gratuito a câmera subjetiva durante o filme quase todo, me agradou muito, aliás, salvou o dia!
E assim tentarei mais uma vez!

J.

terça-feira, 13 de março de 2012

Sim, eu ainda descubro amigos!



Hoje foi um dia daqueles em que ao final você olha pros lados e encontra sentido, ainda que momentâneo! coisas absolutamente simples, mas benfazejas pra alma.

Ontem fui a Brasília resolver uma pendência com meu orientador, saber se poderia ou não continuar em Goiânia. A viagem foi muito cansativa, num tempo total de ida e volta de 6 horas e 30 minutos e um permanência de 5 horas na UnB,que foram suficientes para me esgotar fisicamente. acordei cedo hoje e com a boa notícia que continuaria em Goiânia decidi sair para resolver algumas pendências estruturais aqui de casa, de forma que Aelton e Joyce foram comigo e tudo foi tão vivo, tão unido, tão juntos que os problemas se tornaram um pretexto para que o dia fosse vivo, simples e prazeroso. Vendemos uma mobília, compramos comida e livros, andamos pelo centro, rimos, estavamos juntos, juntinhos em sintonia e Joyce falava: funcionamos os três juntos. foi um momento belo, epifânico até.

E como não bastasse coroamos o dia com um pote de soverte e a audiência de um filme que me é muito caro: "Os Imorais".

minha memória estava sendo ativada, recordava a cada segundo, a cada cena do filme de minha adolescência, do curto período que morei com minha mãe, a chegada indiscreta de meu padastro a desarmonia que rondou o restante de minha adolescência. lembrava das conversas demoradas com eu irmão-amigo Wesley de Castro e tendo a certeza que esse filme é um dos responsáveis pela nossa irmandade e neste momento penso que tive momentos absolutamente sublimes e que eles podem acontecer assim, as vezes, sutilmente.


Jadson

segunda-feira, 12 de março de 2012

REGRAS PARA O PARQUE HUMANO

Assim se chama a conferência publicada pelo filosofo alemão Peter Sloterdijk. O polêmico filósofo, (autor do livro de filosofia mais vendido no século 20: “Crítica da razão cínica” e um dos alunos mais famosos de Foucault), traz a baila um dos temas mais controversos da atualidade nos debates filosóficos: a engenharia biológica, ou seja, o processo de produção de seres humanos. O curto livro, com pouco menos de 100 páginas é um delicioso comentário cínico a um famoso texto de Heidegger “Carta sobre o humanismo”. Assim como seu professor, Sloterdijk faz uma espécie de arqueologia conceitual e volta para a antiguidade para relatar como a sociedade “deu um tombo e começou a produzir seres humanos”.

O texto do Sloterdijk é pontuado por severas e brilhantes criticas ao humanismo cultivado desde Platão até Heidegger, num ato contínuo de produzir e de cuidar dos humanos como um pastoreado(domesticando, adestrando, civilizando). Há aqueles que pastoreiam e aqueles que são pastoreados e assim o parque humano vai sendo construído até chegar no ponto em que se pode produzir os próprios brinquedinhos humanos.


Há mais coisas implícitas e explícitas no texto que queria abordar aqui. Ele é prenhe de criticas cínicas, maliciosas, vou ler mais uma vez e depois comento mais.... por hora vale o aperitivo.

J.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Sim, eu defendo o cinema americano!


Ontem aconteceu a primeira reunião do grupo de filosofia e cinema aqui na Universidade Federal de Goiás, uma tentativa de discuti o que seria uma “filosofia do filme”. Houve uma tentativa de estabelecer as diretrizes para o grupo. Apenas três pessoas que circulava no grupo no ano passado deram as caras, as discussões são boas, mas o que me espanta ainda é o fato que pouco se sabe sobre o cinema clássico americano, quer dizer, pouco se vê do cinema clássico e tenho que defender o cinema americano a todo tempo, ninguém mais vê e fazem as críticas mais injustas. A querida professora Carla parece meio perdida ainda sem saber como comandar o barco, tento contribuir um pouco, mas no fundo eu não vejo paixão daquelas pessoas ali presente, talvez os tempos sejam outros mesmo!

Então, depois de ontem decidi ver mais cinema clássico, tendo em vista que apesar de tudo ainda sinto que sou falho com ele e decidi começar com Howard Hawks e seu (des)complicadíssimo “À Beira do Abismo”. Como um bom filme noir, a trama gira em torno de um detetive que se envolve com um submundo cheio de assassinatos, chantagem e claro um mistério que teimava em ficar cada vez mais complicado à medida que a trama se desenrolava e como um bom filme clássico tudo se encaixa no final.

Foi muito bom ter visto um verdadeiro clássico com todas as regras lá, uma câmera segura que nos dava o ponto de vista narrativo do detetive e que deduz os pequenos mistérios mais não tudo obviamente, mas como um quebra-cabeça tudo se encaixa, estavam lá todas as peças, mas que só a maestria de um diretor compulsivamente melodramático consegue regê-las, fazendo com que o filme grude em nosso olho de forma até patológica.

Parece óbvio para mim, outrora pareceu também para os Cahier du Cinema , mas não parece tão óbvio hoje em dia. Pergunto-me se o cinema não clássico (o convencionalmente chamado cinema de arte) causa o mesmo tipo de alienação que de fato causou e causa o cinema americano, se o olhar não vicia, de forma a não poder enxergar certos contrastes, sensações e tensões que pode haver em filmes que se estruturem de uma ou de outra forma, ou será que o problema não está mesmo nos filmes ou com o tipo de ideologia que eles defendem, o problema é ainda mais complicado, outras variantes devem ser investigadas.

Enquanto isso, me programo para mais cinema clássico essa semana!

Jadson.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Entre Agosinho e Apatow


“ Mas o que amo, quando te amo?”

Folheando um famoso comentário a obra de Santo Agostinho me deparei com essa citação do próprio Agostinho, o que me leva a refletir acerca do filme que vi ontem a noite antes de adormecer. O filme em questão é uma suposta comédia que me foi indicada pelo meu irmão-amigo Wesley de Castro e dirigida pelo cineasta Judd Apatow, até então ignorado por mim, tendo em vista que eu nunca fui com a cara da publicidade que gira em torno de suas produções, estas são lamentáveis naquilo em que anuncia, geralmente as cenas em destaque são de absoluto mau gosto quando destituída de seu contexto original e alinhada a uma típica produção de comédias insossas típicas do cinema americano.

Recentemente vi um filme roteirizado e produzido pelo Apatow e fiquei absolutamente encantado e entregue ao tipo de drama disfarçado de comédia que ele costuma criar e por mais que meu melhor amigo teimava e insistia para que eu assistisse, eu não lhe dava crédito, por isso essa publicação é um retratação pública com ele e com o cinema proposto pelo cineasta supracitado.

No filme que assisti ontem um famoso e bem sucedido astro-comediante vivificado de forma surpreendente pelo ator Adam Sandler descobre que tem um tipo raro de câncer, paralelamente um um grupo de amigos comediantes tentam alçar a fama, sendo que um deles é contratado pelo astro para escrever piadas. A medida que a narrativa avança eles vão se tornando amigos e o famoso comediante vai se recolocando de volta à vida, inclusive quando tenta reconquistar uma antiga paixão. A muito mais nesse roteiro cheio de reviravoltas que mantém uma tensão salutar entre o drama, a comédia e a crítica ácida ao aos tempos atuais e ao mundo dos comediantes em que a própria trupe do filme se inscreve, mas ainda assim, a interrogação que inicia esse texto é o que mais faz desse filme uma obra de pura vida e de pura entrega a algo que talvez não seja passível de resposta.

J.

terça-feira, 6 de março de 2012

A caminho de algum lugar

Caro Diário

Viajei. E as coisas precisam voltar para o seu lugar.
Definitivamente Belo Horizonte é um lugar que me sinto bem.
Já estou m Goiânia novamente.

Outro dia estava lendo que a noção de paisagem é típica do homem civil, não havia esta noção entre os índios por exemplo, Tendo em vista que eles não se diferenciavam da natureza em que viviam.

Belo horizonte. Seria um bom lugar para viver.
Fiquei na casa de um Homossexual. Que nutre simpatia pelo modelo heteronormativo que rege a nossa sociedade já a bastante tempo.

Adaptação vai ser mais uma vez difícil, já sinto.




Sinto uma fragmentação estranha, desde as minhas coisas materiais que estão espalhadas em vários lugares, desde a paisagem nova que insiste em não-ser, a completa falta de harmonia com meu interior em constante devir.

Preciso escrever, preciso resolver problemas, criar outros tantos.
Hojê quero começar a ler algum romance, ainda não sei qual, sinto falta já.

DRIVE assim se chama um longa, o ultimo que vi em quase 10 dias.
Devo falar que me apaixonei pelo personagem central, queria ele pra mim.
E na espera que alguém assopre meu nariz e acaricie meus dedos.

O mundo estritamente gay é algo tenebroso, dá medo depois comento mais detalhes depois sobre isso. Por enquanto apenas digo que me encanta ideia da mistura de novas formas de relação e de singularidades que podem compartilhar cada qual com seus desejos....


Hoje. Assim estou.... recompondo-me.....

Ps: a foto eu estava em outro momento voltando....

J.