sábado, 25 de agosto de 2012

SOBRE CIGANOS E CINEMA BRASILEIRO



Depois de uma piada levada a sério duas de minhas melhores amigas veem me visitar de supetão, enquanto eu ainda tento me realocar aqui em Goiânia, próximo a passar pela primeira avaliação do meu texto dissertativo e também de voltar em definitivo pra minha cidade quase natal! Em meio a toda essa loucura que deixa a vida mais interessante tento voltar para a organização de algumas atividades como reencaminhar o grupo de estudos sobre filosofia do filme, e minhas leituras obrigatórias para a confecção do resto do meu texto, em meio a isso tudo ainda preciso ver os filmes que me alimentam enquanto ser vivo, pensante que existe e tem fome....

Depois de um bom debate com o intelectual com quem divido a moradia, cheguei à conclusão que tanto eu quanto ele merecia/precisava de mais cinema Brasileiro, de modo que escolhi um filme icônico que não visto por ambos, a fim de exemplificar os nossos argumentos. O ASSALTO AO TREM PAGADOR foi o escolhido e foi além de nossos anseios, de nossos argumentos, foi um soco no estômago, fomos sentindo uma vergonha iminente a cada segundo precioso desse verdadeiro manifesto contra a miséria e o capitalismo, contra as representações de sociedade que poluem nosso imaginário, contra a falsa ideia de um homem brasileiro, contra a falsa ideia que o Brasil não tem cinema.
Sim senhor, o Brasil tem cinema e como têm!
E sejam bem-vindas NINALCIRA E PATRICIA!
Jadson.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

DA ARTE DE SE FAZER UM FILME COM UMA HISTORIA OBVIAMENTE CLICHÊ


Hoje recebi várias mensagens desesperantes de meus amigos mais íntimos.
Hoje eu comi macarrão e o dia, esses dias estão muito densamente tristes.
Hoje eu vi dois filmes.
Hoje não li nada ainda.
Hoje estou esperando um amigo.
Hoje tem que passar, POIS AMO!

J.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O RESULTADO DE UM DIA EM QUE A PORNOGRAFIA E O ENCLAUSURAMENTO SE COINCIDIRAM



Todos que me conhecem, conhecem também minha fobia por pesadelos e sonhos e coisas afins, mas vez ou outra eles aparecem nas noites. E na madrugada passada tive um pesadelo estranho, o qual não lembro por inteiro, mas tentarei resumir aqui:

Estávamos Tiaguinho e eu na casa de meus avôs quando surgiu uma competição estranha, que não lembro o que era e depois estávamos na rua, me parece que no centro de Goiânia, quando roubei alguma coisa de sua mão e ele ficou puto da vida e decidiu fazer um programa com um travesti, decidi segui eles até um motel. Entramos lá e não conseguíamos sair, era uma prisão tinha muita gente lá, inclusive meus amigos Nina Sampaio E Wesley PC, tentávamos de tudo e ainda éramos acuados por monstros o tempo todo! Putz! Acordei muito assustado.

Antes tinha assistido ao filme francês “ 17 fois Cécile Cassard” do excelente diretor Christophe  Honoré que tinha me deixado encantado com a história de uma mulher depressiva que vai paulatinamente encontrando o sorriso, mas quando ela proclama a frase “eu amo tudo em minha vida, inclusive o pior” que me derreto todo. Honoré é impressionante, não é uma autoajuda fajuta, ele é catártico! É clínico! Percebi como sempre tem alguém traumatizado e vai superando e arrastando as auguras necessárias do viver para num momento resinificar a vida.

E hoje o dia passa e preciso sobreviver a ele, mas uma vez!

J.

domingo, 19 de agosto de 2012

UMA SENSIBILIDADE NOVA


Meu corpo envelhece e com isso perde sua antiga forma, os órgãos que já não são os mesmos aponta um amargo que me escapa a boca, uma nova forma surge no exterior e uma nova sensibilidade aflora intimamente, sinto como se o mundo reclamasse uma nova relação com a natureza e consequentemente comigo mesmo, afinal não estou fora do mundo. Urge também uma nova relação com o tu sensível do outro e do totalmente outro, em suma uma nova estetização da vida.

O meu novo-velho corpo me obriga à contenção, devo negar a expansão ilimitada de meu desejo em nome da sobrevivência. É preciso calar e recuperar o meu ser perdido, olhar o futuro imediato com novos olhos. Obedeci em partes a meu desejo por muito tempo, agora é preciso recuperar o corpo, colocá-lo em sintonia com o meu desejo ou com o meu espírito (que paradoxalmente é mais que meu ser) para reencontrar-me.

Devo encontrar um meio para que o meu corpo não apague meu desejo e que meu desejo não apague o meu corpo, pois é tempo do entardecer. É tempo de humildade....

Em meio  ao conflito com meu corpo-espirito-desejo, vejo um filme menor, previsível em suas conclusões dramáticas e conduzido de forma pouco convencional, mais ainda assim bonito, um filme sobre a natureza, sobre o ser jovem, sobre a sensibilidade do ser, razão e coração, sentir o mundo, sentir o corpo e se embriagar do verde das árvores e do frio vento que sopra, deixando que o desejo tome formas.... NO BOSQUE é um filme assim, sobre impressões, sobre o deixar-se perder em meio à beleza extasiante da natureza e por vezes permitir que os corpos humanos se toquem, foi importante recuperar a reflexividade do meu eu mesmo....

Tenho problemas com filmes experimentais, forçosamente experimentais, de modo que não sei se fiz concessões demais com esse filme, mas ao fim acabei gostando muito dele, tinha um frescor juvenil que alegrava meu coração, tinha natureza, tinha desejo, tinha vida!

J.

domingo, 17 de junho de 2012

CINEMA, FILOSOFIA: UMA RETOMADA DO MEU EU IMPERTINENTE



Uma das coisas mais positivas na minha passagem aqui pelo centro-oeste brasileiro, além da minha relação promíscua com as duas maiores universidades dessa região, foi ter me reconciliado com o cinema, calma, digo sobre o estudo acadêmico deste. Na verdade a abordagem do cinema pela fria e distante filosofia, mesmo que ainda com discrição, mas já apontando para algumas formulações que espero que sejam bem-vindas num futuro próximo. Há muito era um projeto vivo em minhas pretensões acadêmicas, essa tal relação sempre muito problemática e mal vista, mais essa pretensão foi adormecendo dando lugar a outras preocupações.
 Mas graças ao grupo de estudos Kinosophia que opera meio que a contra-gosto e sem um programa definido foi tateando as possibilidades de estudo do cinema pela viés filosófico e mostrando que é possível sim fazer uma espécie de filosofia do filme ou filosofia do cinema. Em meio a minha pesquisa totalmente diversa, que tem o foco em filosofia da religião (outra coisa bem mal vista) encontrei tempo, oportunidade e o apoio de uma professora de estética bacana, que além de estudar Walter Benjamin e a teoria do gosto e da percepção, se envereda deliciosamente por essa vertente nova e que cuidadosamente e ou carinhosamente estamos chamando de filosofia do filme, em meio a criação do grupo dos deparamos com algumas teorias filosóficas que tratavam do cinema e por uma (in)feliz coincidência um filósofo alemão, vinculado a teoria crítica da escola de Frankfurt, chamado Josef  Früchtl, ofereceu um curso sobre sua filosofia do filme (presente em seu livro O EU IMPERTINENTE- uma história heroica da modernidade) aqui na Universidade Federal de Goiânia-UFG, na verdade uma interpretação filosófica e cultural sobre a representação no cinema da figura do herói. A princípio pareceu muito estranho, mas com a leitura e a recente confecção de um artigo sobre o tema clareou-se muitas coisas e sobre tudo o método utilizado pelo filosofo da 3° geração da escola de Frankfurt. O tal artigo trata dos pressupostos do filósofo que passeia referencialmente por Hegel e Freud e diversos interpretes da modernidade filosófica e que tem como maior problema a ideia ou o conceito de EU ou do SUJEITO e sua fratura, e de como esse EU tornou-se impertinente, como bem afirmou Adorno em sua Minima Moralia e ainda tendo como base hermenêutica o Western Rastros de Ódio que segundo ele, é a perfeita e multifacetada representação desta: HISTÓRIA HERÓICA DA MODERNIDADE.



Bem o artigo será publicado em breve numa revista eletrônica chamada Inquietude, vinculada ao curso de graduação em filosofia da UFG.

E Eu retorno em breve a minha terra, a meu pequeno, querido e frutífero Aracaju, mas ainda não terminei minha aventura por essas terras, a muito a desbravar como um errante em busca deste interior fraturado....

J.

sábado, 26 de maio de 2012

EM CRISE parte 200000

Querido diário
Estou em crise (como se fosse novidade), mas essa é estranha, ao mesmo tempo em que estou combatendo a letargia comum ao meu espírito, me saboto continuamente por outras vias, o que supõe o abandono de certos projetos como esse. Acabei de queimar o céu da boca num ato de desespero, tomei leite e achocolatado mais quente que o suportava e isso pode ser um sintoma ou um aviso.
Comecei a ler um livro que já de início se mostrou avassalador tanto em sua construção narrativa, quanto em sua abordagem história e intimista da vida de um escravo negro.
LIVRO: A FAMÍLIA GLORIOSA  - NOS TEMPOS DOS FLAMENGOS, escrito com maestria por Perpentela.
Amanhã seguirei viagem à Brasília, passarei  4 dias por lá....
Na Terça apresentarei comunicação em um charmoso congresso sobre “ religião, arte e filosofia nos séculos XIX e XX” , ansioso portanto!
E parece que minha estadia por Goiânia/Brasília está chegando ao fim.....
Voltar pra casa é bom mais uma sensação estranha me apodera, mas ainda é cedo!
Preparo-me para ver um filme agora....


terça-feira, 8 de maio de 2012

E eu confesso mais uma vez!



Confissão II: filmes que falam de triângulos amorosos comovem meu espirito.

Acho que estes tipos de filmes que tematizam o relacionamento entre três pessoas ao mesmo tempo revela algo do meu inconsciente, nunca pensei a respeito, mas acho que me parece o tipo ideal de romance que eu devo inconscientemente idealizar, assisti nos últimos tempos vários filmes nesta linha e sempre me emociono de uma maneira estranha, mesmo naqueles esteticamente menos apreciáveis, sinto algo realmente bom e comovente de modo que acabam nevoando meu olhar não podendo avalia-los mias objetivamente.

Confissão III: Douglas Sirk me arrasa emotivamente

Venho sofrendo ultimamente uma crise de carência afetiva violenta e como se isso não bastasse me aventuro a ver filmes prenhes de romances mal  acabados e não satisfeito resolvi ver mais um Douglas Sirk “Desejo Atroz”(1953) sobre um atriz mal-sucedida que resolve voltar a sua cidade natal depois de ter abandonado por anos seu três filhos e marido afim de não machuca-los devido a um romance extra-conjugal numa cidade pequena e conservadora.  

Como não poderia deixar de ser o filme sirkiano é hiperbolicamente dramático e soberbamente dirigido, é apaixonante e desestruturou a mim, contudo é um filme menor pois é muito rápido em suas conclusões, mais ainda assim, derrama paixão por todos os lados, meus olhos encheram de lágrimas em alguns momentos e meu coração disparou: é um filme sobre coragem, sobre a coragem que é preciso ter quando se quer amar.

E eu sou daqueles que AMA!

J.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

QUERIDO DIÁRIO: eu confesso!


Eu, Jadson Teles Silva, declaro publicamente que estou em uma profunda crise.
Desde domingo que não consigo obter concentração para as leituras necessárias para a confecção da primeira seção do segundo capítulo de minha dissertação sobre “O amor cristão como fundamento ético-religioso em Kierkegaard”.

Desde domingo uma apatia toma meu corpo minha alma e o que mais restar. Estou lutando, mas o enfrentamento parece ser algo muito interno numa zona de inconsciência, razões emocionais que não consigo enxergar parecem amarrar meu raciocínio.

Ao menos, estou conseguindo ver filmes, o que já é um grande consolo, me pergunto por que deste bloqueio? e não acho uma resposta saudável se quer, vou lavar roupa e pratos, quem sabe algo não desperta....

Estou cansando......

Irritei-me com uma moradora aqui da republica, o bom diálogo se faz necessário quando se pretende conviver em grupo. Relato: Ela sem comunicar ou mesmo sem pedir licença para mim e para o outro morador hospedou um senhor de mais de 70 anos aqui pra república, ou seja, causou um estranhamento em relação ao espaço e a dinâmica da casa. Não me importo se hospedem mil aqui, mas venho percebendo atitudes arbitrárias aqui na casa e ela não conhece minha fama, se o ódio me tomar... Aí de ti! 

Acabo de receber uma mensagem carinhosa de um amigo emocionado e isso vai me fazer bem no enfrentamento com o dia em curso! 

Muitíssimo OBRIGADO!

J.

terça-feira, 1 de maio de 2012

UM FILME, UM PESADELO: um dia.




Hoje não foi um bom dia. Ontem tive um pesadelo, minha mãe me mostrava o braço cheio de ferida e depois teve que decepá-lo, teve mais coisa que não lembro. Acordo agoniado e assim permaneci pelo dia todo e pra além de uma crise de rinite alérgica que me tom desde a semana passada, sobrevivo....
 Preciso voltar as minhas atividades hodiernas antes que uma crise de impotência me sufoque.
Ontem vi um filme que me lançou de volta a minha infância em Itaporanga, que não é uma região sertaneja é fato, mas como nasci em um povoado desse munícipio sergipano, muito pobre e afastado do centro da cidade onde o clima de isolamento se faz a todo instante, não tive como não me emocionar diante do que se desenrolava na tela. Pensei que iria odiar esse filme: MUTUM é um retrato impressionante de muitos lugares no país e de muitos como eu!

O filme é de uma rara beleza, não apenas pela deslumbrante fotografia, mas por retratar um isolamento que condiciona ao sofrimento e a construção de subjetividades igualmente distantes, vazias e secas ao mesmo tempo em que o inverso é possível e no contrates combativos destas duas forças que o filme genialmente se dilata no tempo de sua narrativa.

Baseado em um conto do livro “Campo Geral” de João Guimarães Rosa, que narra a estória de uma família que mora isolada no sertão de Minas Gerais sob o olhar de Tiago uma criança que é acusada pelo pai de “se achar melhor que os outros” e ignorado pela avó ao mesmo tempo em que recebe afetuosos carinhos da mãe e do tio e a cumplicidade do irmão. O filme se desenrola mantendo certo distanciamento para não gerar um suposto sentimento de piedade no espectador, nada é excessivo. O corte é preciso.  Ao mesmo tempo em que a câmera é próxima do corpo, da pele dos personagens.
E o dia continua assim distante, seco....


quinta-feira, 26 de abril de 2012

A INSÔNIA E O FILME DE SOKUROV - EXISTE CURA PARA TODO MAL?


Aleksandr Sokurov, assim se chama o responsável pela minha insônia de hoje, acordei no meio da madrugada e não voltei a dormir, em meio a vários pensamentos desconexos e ou antecipatórios de situações/projeções futuras, o filme PAI E FILHO (2003) se tornava quase onipresente. Eu vi o filme na tarde anterior a essa madrugada insone. Confesso que o entendimento do filme ficou longe de uma satisfação plena, mas ele pareceu sinestésico para mim, com todo o clima onírico e desejoso que a relação entre um jovem pai e um filho já iniciando a idade adulta poderia passar- isso em uma situação (semi)ideal. Além de ser magnificamente interpretado e dirigido com uma pegada teatral e sob uma rígida e sentimental trilha sonora, o filme parecia entrar no passado e estar sempre num embate em que, salvo uma situação, a autoridade paterna não era o alvo crítico nem muito menos levada em conta  na dramatização da narrativa. Tentei ler o filme como uma representação subjetiva de um ideal romântico na busca interior pela aceitação daquilo que você projeta como um desejo irreconciliável com aquilo que você quer e aquilo que você pode ser/ter.  



Contudo, PAI E FILHO é um filme russo e não por acaso os dois personagens são militares, de modo que não podemos perder de vista contexto cultural e histórico ao qual ele foi criado. Pode ser que entender os dois personagens como metáforas ou mesmo como uma alegoria de uma nação que passou/passa  por uma situação político-econômica extremada possa soar forçado, mas bem que poderíamos ensaiar. O pai poderia ser a representação da antiga união soviética robusta e iluminada como um forte sol em meio à neve, mas que se mostra incapaz. O personagem paterno sofre não só por ciúme inconfesso de seu filho manter relações que vão além dele mesmo, como também por um ferimento agudo no pulmão, sua caixa torácica, ou seja, sua fragilidade é o tempo todo escancarada pelo filho, essa nova Rússia, não mais socialista, mas que revela ser o desejo inconfesso de uma antiga nação que chafurdou numa tentativa inglória de estabelecimento de uma nova ordem socioeconômica. Tal filho mantêm relações de poder com o pai e sobre aqueles com que se relaciona, sempre se colocando no centro por onde tais relações se estabelecem. No inicio o filho está no colo do pai e este afirmando que o salvou logo depois o filho está sozinho em um caminho, sim a nova nação seguirá por um novo caminho, a antiga ficará no passado como uma sombra fria que poderia ser e que não foi, e o máximo que poderia ter feito foi parir essa nova Rússia, foi salvar esse filho que herdará apenas as armas de um exército sangrento.





Mas pode ser que nada disso seja, e eu não sei como será o meu dia depois de só 4 horas dormidas...

J .

domingo, 22 de abril de 2012

Subjetivação e práticas de si: é possível se tornar uma pessoa melhor?


Acordei na madrugada assustado com um sonho do qual não me lembro, pior que sonhar é não lembrar o sonho. Bem, cansado não conseguia voltar a dormir, levantei dei uma mijadinha e fui fazer uma limpeza no meu computador, depois de botar alguns filmes do Brian Depalma pra baixar voltei a dormir.....  Acordei quase nove, levantei de mal humor. Joyce viajou e Aelton foi fazer um bico, digo, ser fiscal numa prova de um concurso local. Fiquei quieto no meu quarto lendo as densas linhas da tese adorniana sobre Kierkegaard. Aqui Adorno faz uma severa crítica ao sujeito e a filosofia burguesa-cristã de Kierkegaard. KIERKEGARD – A COSTRUÇÃO DO ESTÉTICO é daqueles livros implacáveis do filósofo da escola de Frankfurt, mas como sempre percebo um tom arbitrário em muitas de suas afirmações, todo caso acho que ele não entendeu ao que Kierkegaard se opunha e como ele fazia isso  (só lembrando que um dos primeiros textos de Adorno ele ainda jovem) Gosto de algumas de suas formulações críticas, mas é inegável que Kierkegaard se afastava da política por que não via saída pro homem por esse viés -é preciso realmente construir um privacidade subjetiva filosófica e religiosa, em outras palavras, construir um ética-estética da existência. O dado livro está me ajudando a projetar um futuro texto sobre a relação Kierkegaard- Nietzsche- Foucault que estou em mente, por mais que o livro seja muito difícil e duro de escavar seus conceitos, tenho certeza que ao final ele me será muito útil.
E falando de ética, estética e existência, me submeti a uma maratona de filmes “bixas” produzidos no ano de 2011 no dia de ontem e comecei pelo filme nacional e adolescente “ OS 3”  de Nando Olival que não é bem bixa, mas estava valendo como  um processo de descobertas amorosas e sexuais,  no qual 3 jovens universitários dividem um apartamento e desenvolvem uma afetividade mútua e seguido pelo  igualmente adolescente, mas de uma simplicidade estonteante e porque não apaixonante  filme belga NOORDZEE, TEXAS de Bavo Defurne sobre a construção do fetiche sexual e dependente deum adolescente, passando pelo quase ruim filme argentino do Marco Berger AUSENTE, sobre outro adolescente que tenta seduzi seu professor com táticas heterodoxas e por fim o maduro e discursivamente complexo J. EDGAR  de Clint Eastwood sobre o criador do FBI e seu relacionamento casto com o numero 2 da instituição por mais de 30 anos. (foto é o casal real) E ao final o que eu queria com isso? me tornar uma pessoa melhor? Ainda não sei mais foi me dado vários contra-exemplos!

J.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

E por acaso já fim de semana...

"Bem, sabe como é quando você dorme pela primeira vez com alguém que não conhece?

 -Sim.

 É... tipo, você torna-se uma tela em branco e isso te dá uma oportunidade de projetar nessa tela quem você quer ser.E é isso que é interessante, porque todo mundo faz isso.

 - Então, você acha que eu o fiz?

 - Claro que fez.
 Bem, o que acontece é,enquanto você projeta quem quer ser, abre-se uma fenda entre quem você quer ser e quem você realmente é, e nessa fenda, você vê o que lhe impede de se tornar quem você quer ser."

 e eu não conseguia mais respirar direito, me via completamente desnudado....

 J.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

De volta à rotina sagrada.


Depois de alguns dias em off devido a uma viagem a minha cidade natal, volto ao meu atual cotidiano. A chegada é sempre difícil. Reorganizar a rotina e por as leituras em dia.

Foram dias iluminados que passei em Aracaju, mesmo que frustrado com um péssimo desempenho no concurso em que participei, esse me deu uma excelente oportunidade nostálgica. Fui tomado por um intenso prazer em rever os amigos da graduação em voltar à boemia outrora tão vivaz em meu coração, mas adormecida nesses dias insones, conversas nostálgicas e tantas outras que foram suficientes para superar o mal-estar e a baixa-estima advinda da situação incômoda.

Para além dessa experiência nostálgica, está de novo e de novo com meus eternos amigos-irmãos sempre é de um gozo carnal-espiritual inconteste, Wesley de Castro, Nina Sampaio, Tiago Oliveira, Wesley Soares, Roberta Fideles, Rafael Alcântara, Vanessa Lacerda, Carlos augusto, Aelton Leonardo e ainda Alessandra, está com vocês é algo incomensurável, inexplicável, cada um com seu dilema, com sua singularidade egocêntrica, cada um sofrendo e sorrindo daquele jeito único que nos faz uma família heterogeneamente homogênea da pesada! Amo vocês de todo coração, alma, corpo, sangue e vida.

Ainda passei o feriado santo com minha família oficial da qual gosto muito. Repito: gosto muito! Mesmo que isso tenha sido pelo esforço do contingente fato de eu ter nascido em meio a estas pessoas das quais sou tão diferente.

E para recomeçar meu cotidiano hoje volto a publicar em meu querido diário virtual, escuto o disco de 1972 de Rita Lee - HOJE É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DE TUA VIDA, ótimo álbum ainda influenciado pelo som desconstrutivo dos MUTANTES, se não me engano foi produzido pelo Arnaldo Batista. Com uma mistura de ritmos alucinantes e letras psicodélicas tão marcantes da antiga fase da cantora e já ensaiando em algumas faixas de sua nova fase. Preparo-me para ver o filme do dia enquanto meus companheiros de república tentam instalar um nono roteador para nossa internet, a tarde irei a biblioteca pesquisar e a noite vou dar uma caminhada para sair da sedentarismo e no fim da noite voltar a leitura de CAROL de Patricia Highsmith e assim a vida continua...

quarta-feira, 28 de março de 2012

Gênio ou apóstolo?


Foi durante o romantismo que o conceito de gênio foi fortemente ligado a uma obra de exceção perpetrada pela natureza. O gênio era um homem que, de forma excepcional, estava acima das potencialidades do homem comum. Influenciado pelo romantismo alemão o filósofo Søren Kierkegaard fez uma distinção entre o apóstolo e o gênio, afirmava que o apóstolo é um caso incrivelmente mais raro que um gênio, já que ser um apóstolo é ir contra a natureza, contra os desejos e vontades intrínsecas a espécie humana e isso é um movimento que se dá no absoluto da subjetividade e muito mais difícil do que a natureza prover um gênio. Digo isso porque quando acabei de ver a pérola cinemática “Um Método Perigoso” tinha certeza que o diretor David Cronenberg era uma espécie de apóstolo do cinema!

J.

domingo, 25 de março de 2012

E NÃO SOBROU NADA NO FIM?


Enfim terminei de ler um livro que estava a mais de uma semana, acho que uns 15 dias, tentando me livrar. Livro que foi muito elogiado por um amigo meu, mas que se mostrou desde o inicio brando, confortável e desmotivante. Particularmente achava que o meu amigo não iria gostar desse tipo de leitura, mas nem sempre é assim, às vezes as coisas nos afeta de modos diversos, mesmo na apreciação estética de um produto artístico que em determinados casos precisa de certa objetividade, mas como venho lendo em um texto filosófico contemporâneo o EU é algo realmente impertinente, neste caso especifico do meu querido amigo é a experiência absolutamente subjetiva que avalia e encontra resposta objetivas para justificar as opções do gosto. O que nos leva a questão da identificação, mas o fato de você se identificar subjetivamente com algo não torna esse algo bom, o que acontece é que esse algo lhe torna afetivo, por uma relação análoga com uma ou algumas memórias e ou recordações afetivas.

UM DIA é O livro em questão e tem uma narrativa fácil e limpa, desejável, sim desejável para quem tem a tarde livre ou teve um dia cansado e ao lado de uma pipoquinha melhor ainda. Ele camufla os personagens que são críveis em determinadas situações, mas essas situações são mostradas acabadas, assépticas, sem rupturas e o pior é que tem essa pretensão de atingir uma ruptura, ao menos no conteúdo e mostrar uma realidade não comum a esse tipo de texto, mas isso é falsoE ele não tira a roupa dos personagens, não deixa que eles fiquem nus, expostos, tem sempre um colchão em baixo para apará-los na queda, ele no máximo deixa a mocinha sem luvas e mocinho de cueca, ele não deixa que eles se fodam e mostra uma historieta de encontros e desencontros como uma menina iludida depois do beijo inventado num sonho. Até que ele almeja um tom mais vivaz nas cem últimas páginas de suas 400 laudas, é uma espécie de último suspiro antes que acabe. Mas é um rápido e fugaz suspiro....

Essa semana que vem quero estrear outro livro, algo mais sério com certeza, talvez um livro brasileiro ou um clássico.

J.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Álbum do dia: será que eu levo jeito?


Hoje enfim ouvi o novo CD de Marisa Monte(O que você quer saber de verdade) inteiro e de forma atenta. É um álbum que tinha tudo para ser espetacular se assumisse por inteiro o “ser brega”. Mas ela optou por uma construção menos ousada e mais voltada para seu publico costumeiro, tornou-se um disco irregular, se não vejamos:
1- A música de abertura dá nome ao disco. Simples, com uma melodia igualmente simples, despretensiosa e sem novidade alguma.
2- DESCALÇO NO PARQUE composta por Jorge Ben Jor nos idos dos anos 60, ganha uma nova roupagem típica dos arranjos da cantora, também sem novidade alguma.
3- DEPOIS, é terceira faixa e aqui o brilho ofuscado da cantora irradia, assume com força a sua veia clichê e faz uma música romântica-brega, deliciosa e sem os arroubos de modernização tão típicos de sua geração, com rimas fáceis e arrasadoras como[ Depois/ de varar a madrugada/ esperando por nada/ de arrastar-me no chão] tão comuns em músicas bregas ganham uma interpretação apaixonante.
4- AMAR ALGUÉM é a faixa tese. Com pretensão de ser despretensiosa e provar que tem algo a provar. Construída sobre os típicos arranjos e sem muita graça.
5- O QUE SE QUER é daquelas músicas limites, acerta no despojamento da letra juntamente com uma simples melodia estruturada numa base de sanfona, dando um leve toque de pseudoforró. Bonita afinal.
6- NADA TUDO é daquelas músicas sem inspiração, morna, chata e sem paixão. Podem pular a faixa, não vão perder nada.
7- VERDADE, UMA ILUSÃO. A quinta faixa é também uma música simples e bela, com um tom leve Marisa acerta na interpretação e a canção soa algodoada.
8- LENCINHO QUERIDO é um tango imortalizado na voz de Carlos Gardel e apaixonadamente cantado por Dalva de Oliveira nos anos 50 e que aqui se arrasta na voz de uma Marisa Monte sem brilho algum.
9- AINDA BEM é faixa que se tornou “música de trabalho” da cantora, é a minha preferida, exatamente por ser assumidamente brega, inclusive com belas reformulações de arranjos de ritmos latinos. É uma música explosiva, vivaz e que emociona, e com uma interpretação brilhante.
10- AQUELA VELHA CANÇÃO, aqui ela resolveu segurar o clichê romântico, mesmo que com uma pequena dose de ironia, a barreguice ganha novos tons e com certeza deixa a canção “ linda de morrer” talvez a segunda mais bela do disco.
11- ERA ÓBVIO, não é excelente como as duas anteriores, mas é verdadeira, bonitinha e lembra meus 18 anos...
12- HOJE EU NÂO SAIO NÃO, é um forrozinho composto por Marcelo Janeci e Arnaldo Antunes, é uma canção charmosa e encantadora.
13- SEJA FELIZ. É uma música chata, poderia ficar sem ela, sem lugar na narrativa do disco.
14- BEM AQUI encerra o álbum, concretista como muitas músicas composta por Arnaldo Antunes, mas não diz muito. Contudo me identifiquei com os versos [pra onde ir/todo lugar tem/ o seu aqui].

J.

terça-feira, 20 de março de 2012

Minha pequena etiqueta intelectual


Caro diário.

Espero ansiosamente por uma correspondência com um suposto material de estudos. Enquanto isso, fui convocado para participar de um congresso na universidade em que estudo. Não sei ainda do que vou tratar isso me deixa com um pouco de angústia que espero logo acertar as pontas.
Resolvi criar metas semanais e entre elas está ouvir um álbum diferente a cada dia da semana. Hoje a bela e forte voz da cantora pernambucana CÁTIA DE FRANÇA, em seu álbum de 1979 “ 20 palavras ao redor do sol”. Não conhecia a dada artista até meados do ano passado e só posso dizer que ela é realmente fascinante, canta música popular e isso não quer dizer que ela é reduzida a refrãos fáceis, ao contrario uma boa dose de realismo fantástico ou mesmo lisérgicas poesias são cantas em suas músicas. Meu amigo e “filho” Aelton Leonardo ficou curioso e me parece que gostou. Ainda hoje a ouvirei antes de dormir.

Outra meta da semana é ler um livro de literatura ao menos, já que fico muito junto dos livros técnicos relacionados ao meu curso e minha atual pesquisa em filosofia. Esta semana quero dar cabo no livro que estou lendo desde a semana passada e o qual realmente não me empolgou muito. É um tipo de escrita que não me motiva e é estranho que um amigo que confio muito o interpretou de forma tão cativante que pensei seriamente que iria adorar, mas as experiências de cunho subjetivos têm dessas coisas....


Espero me senti mais reconfortante cumprindo com essas pequenas metas diárias.
J.

domingo, 18 de março de 2012

Salvando o fim de semana: CINEMA CLÁSSIVO!

1-UM AMIGO MEU é um filme alemão contemporâneo. Logo é um filme perdido em sua estrutura narrativa e consequentemente força dramática, como acontece com muitos filmes lançados nos tempos atuais pelo cinema alemão, exceto um ou dois casos que extrapolam a estética MTV que os concebem. O cinema alemão sempre tão forte e inventivo foi arrastado junto com a queda do muro de Berlim e se reergueu sob uma base arenosa e vendável da sociedade do espetáculo e do consumo. E por mais que os temas sejam e sua grande maioria alçados pela crise cultural de seu país, não avançam nas discursões que são submetidas a uma forma vendida e pervertida. O que de fato pode ser explicado pelo abandono do paradigma da escola alemã forjado por nomes como Fassbinder, Herzog, Kluge e outros nomes. O filme aqui em questão não é de todo ruim, nos encanta enquanto um filme sobre a amizade, sobre concessões voluntaria e involuntária. De modo que a identificação às vezes prejudica até nossa avaliação valorativa objetiva.
2-UMHOMEM QUE AMA é um filme Italiano contemporâneo. E parece que do mesmo modo uma crise paradigmática assombra o cinema na Itália, que outrora foi responsável por um dos maiores movimento cinematográfico: o neorrealismo. Parece que a uma crise politica e econômica que anda afetando a criação artística na Europa. O filme aqui conta a estória de u farmacêutico que sofre com a separação com a namorada e que passa a persegui-l a e a ter insônia, mesmo depois que passa a se relacionar com outra mulher. É um filme morno, enfadonho até, apesar do tom belo e poético de sua fotografia, mas nada vai, além disso, o problema é que o personagem facilmente encanta pelo poder de identificação com a plateia, o que faz com que o filme suspire em alguns momentos.
3- SUBLIME OBSESSÃO. É um filme clássico americano dos anos de 1954 e sinceramente é explosivo, é visceral, é crédulo é verdadeiro, acima de tudo é um filme que acredita que é verdadeiro. Não tive duvidas quando decidi ver um clássico a fim de combater as mornas experiências estéticas proporcionadas pela cinematografia contemporânea. O filme de Douglas Sirk é até forte pois se entende enquanto melodramático e sabe conjugar exatamente todos os elementos para tal. Uma trama onde a dedicação amorosa a um pessoa pode se tornar uma obsessão, mas uma sublime obsessão, onde a base está no amor que se esconde para “ preservar a força individual”. Amei o filme , me deixou crente e com vontade de vida. É esse tipo de filme que eu estava precisando e tenho dito Douglas Sirk é meu conselheiro emocional!


J.

sexta-feira, 16 de março de 2012

E mais um dia se passou.


O congresso da ANPOF- associação nacional de pós-graduação em filosofia é o maior evento de filosofia que acontece do Brasil. E ontem eu me inscrevi e submeti um trabalho para ser avaliado, se aprovado em novembro irei à Curitiba. Não é bem um lugar que eu queira conhecer dado o comentário de alguns amigos próximos. Enquanto isso, tento preparar minha comunicação algo que deve girar em torno da subjetividade em Kierkegaard e sua ressonância em Foucault.

Ontem também fui assisti no CINE UFG ao filme “Bye, Bye, Brazil”(1980) de Carlos Diegues que hoje é vinculado ao tipo de cinema feito como espelho da programação televisiva hegemônica, mas que outrora fez esse filme excepcional, de uma beleza e de um censo critico e narrativo que beira a perfeição, com interpretações apuradas e até um Fábio Junior que felizmente não cantou, e mostrou uma sensualidade fresca e tímida o deu a seu personagem uma credibilidade estonteante.

Li outro tanto de um livro best seller , bobinho é fato, mas que já está começando a mim animar. Por enquanto é isso...
J.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Entre a cultura de massa, proto-protestos e um sono que não resolve.



A mais de três dias que eu não consigo dormir direito, um sono intranquilo, raso, preocupado. Ontem cheguei até o terceiro capítulo de um livro que foi muito comentado por um grande amigo meu, é um texto fácil, de construções senso comunal, escrito para a grande publico, numa linguagem formal pobre, ele está até agora parecendo puro entretenimento. Não cheguei nem nas suas primeiras 100 páginas de mais de 400 é fato, mas ele não está me dizendo muita coisa. Mas ele tem evidências que pode melhorar ao menos os trechos das cartas contidos entre um capitulo e outro, tem um tom nostálgico, isso talvez venha a fazer dele algo interessante.

Tomei um calmante, precisava dormir. Sou daqueles em que a constância emocional não me persegue se na última postagem o dia era brilhante, vivo e intenso, já não posso dizer o mesmo agora, e graças a esse sono maldito que me deixa a velar a minha mente que acelera pensando em milhões de acontecimentos recentes e não recentes e até planejando futuro. Enquanto escrevo nesta madrugada mais uma vez insone e que meus olhos pensam, penso no arremedo de filme que vi ontem à tarde chamado “Reincarnate” (2010), baixei por acaso através de um site que o listava como um filme que protestava contra a censura de seu país que quer banir todos os filmes imorais e contestadores da ordem religiosa e política. O filme é um não filme, é vazio, inócuo, não diz nada, um rapaz é filmado olhando uma paisagem apenas de cueca, depois vai a um templo budista, depois um jogo infantil, depois mostra uns garotos de programa se masturbando, depois numa cidade mostra a mãe comendo, mais paisagem e pronto acaba, isso tudo numa lentidão sem sentido algum, sem ritmo algum, sem força, sem reflexão, sem forma, exíguo. Não é um filme é uma colagem espúria de cenas proto-experimentais . Deus que me livre!

Antes de cair no sono induzido, vi um clássico para rebater a miséria que tinha assistido. O cultuado filme “A dama do lago”(1947) filme noir conhecido por ser narrado em câmera subjetiva, um estranho filme admito, mas absolutamente inovador pra sua época e como não poderia deixar de ser com uma trama complicada, que vai se desenrolar por inteira apenas na última sequência. Apesar de no fundo achar gratuito a câmera subjetiva durante o filme quase todo, me agradou muito, aliás, salvou o dia!
E assim tentarei mais uma vez!

J.

terça-feira, 13 de março de 2012

Sim, eu ainda descubro amigos!



Hoje foi um dia daqueles em que ao final você olha pros lados e encontra sentido, ainda que momentâneo! coisas absolutamente simples, mas benfazejas pra alma.

Ontem fui a Brasília resolver uma pendência com meu orientador, saber se poderia ou não continuar em Goiânia. A viagem foi muito cansativa, num tempo total de ida e volta de 6 horas e 30 minutos e um permanência de 5 horas na UnB,que foram suficientes para me esgotar fisicamente. acordei cedo hoje e com a boa notícia que continuaria em Goiânia decidi sair para resolver algumas pendências estruturais aqui de casa, de forma que Aelton e Joyce foram comigo e tudo foi tão vivo, tão unido, tão juntos que os problemas se tornaram um pretexto para que o dia fosse vivo, simples e prazeroso. Vendemos uma mobília, compramos comida e livros, andamos pelo centro, rimos, estavamos juntos, juntinhos em sintonia e Joyce falava: funcionamos os três juntos. foi um momento belo, epifânico até.

E como não bastasse coroamos o dia com um pote de soverte e a audiência de um filme que me é muito caro: "Os Imorais".

minha memória estava sendo ativada, recordava a cada segundo, a cada cena do filme de minha adolescência, do curto período que morei com minha mãe, a chegada indiscreta de meu padastro a desarmonia que rondou o restante de minha adolescência. lembrava das conversas demoradas com eu irmão-amigo Wesley de Castro e tendo a certeza que esse filme é um dos responsáveis pela nossa irmandade e neste momento penso que tive momentos absolutamente sublimes e que eles podem acontecer assim, as vezes, sutilmente.


Jadson

segunda-feira, 12 de março de 2012

REGRAS PARA O PARQUE HUMANO

Assim se chama a conferência publicada pelo filosofo alemão Peter Sloterdijk. O polêmico filósofo, (autor do livro de filosofia mais vendido no século 20: “Crítica da razão cínica” e um dos alunos mais famosos de Foucault), traz a baila um dos temas mais controversos da atualidade nos debates filosóficos: a engenharia biológica, ou seja, o processo de produção de seres humanos. O curto livro, com pouco menos de 100 páginas é um delicioso comentário cínico a um famoso texto de Heidegger “Carta sobre o humanismo”. Assim como seu professor, Sloterdijk faz uma espécie de arqueologia conceitual e volta para a antiguidade para relatar como a sociedade “deu um tombo e começou a produzir seres humanos”.

O texto do Sloterdijk é pontuado por severas e brilhantes criticas ao humanismo cultivado desde Platão até Heidegger, num ato contínuo de produzir e de cuidar dos humanos como um pastoreado(domesticando, adestrando, civilizando). Há aqueles que pastoreiam e aqueles que são pastoreados e assim o parque humano vai sendo construído até chegar no ponto em que se pode produzir os próprios brinquedinhos humanos.


Há mais coisas implícitas e explícitas no texto que queria abordar aqui. Ele é prenhe de criticas cínicas, maliciosas, vou ler mais uma vez e depois comento mais.... por hora vale o aperitivo.

J.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Sim, eu defendo o cinema americano!


Ontem aconteceu a primeira reunião do grupo de filosofia e cinema aqui na Universidade Federal de Goiás, uma tentativa de discuti o que seria uma “filosofia do filme”. Houve uma tentativa de estabelecer as diretrizes para o grupo. Apenas três pessoas que circulava no grupo no ano passado deram as caras, as discussões são boas, mas o que me espanta ainda é o fato que pouco se sabe sobre o cinema clássico americano, quer dizer, pouco se vê do cinema clássico e tenho que defender o cinema americano a todo tempo, ninguém mais vê e fazem as críticas mais injustas. A querida professora Carla parece meio perdida ainda sem saber como comandar o barco, tento contribuir um pouco, mas no fundo eu não vejo paixão daquelas pessoas ali presente, talvez os tempos sejam outros mesmo!

Então, depois de ontem decidi ver mais cinema clássico, tendo em vista que apesar de tudo ainda sinto que sou falho com ele e decidi começar com Howard Hawks e seu (des)complicadíssimo “À Beira do Abismo”. Como um bom filme noir, a trama gira em torno de um detetive que se envolve com um submundo cheio de assassinatos, chantagem e claro um mistério que teimava em ficar cada vez mais complicado à medida que a trama se desenrolava e como um bom filme clássico tudo se encaixa no final.

Foi muito bom ter visto um verdadeiro clássico com todas as regras lá, uma câmera segura que nos dava o ponto de vista narrativo do detetive e que deduz os pequenos mistérios mais não tudo obviamente, mas como um quebra-cabeça tudo se encaixa, estavam lá todas as peças, mas que só a maestria de um diretor compulsivamente melodramático consegue regê-las, fazendo com que o filme grude em nosso olho de forma até patológica.

Parece óbvio para mim, outrora pareceu também para os Cahier du Cinema , mas não parece tão óbvio hoje em dia. Pergunto-me se o cinema não clássico (o convencionalmente chamado cinema de arte) causa o mesmo tipo de alienação que de fato causou e causa o cinema americano, se o olhar não vicia, de forma a não poder enxergar certos contrastes, sensações e tensões que pode haver em filmes que se estruturem de uma ou de outra forma, ou será que o problema não está mesmo nos filmes ou com o tipo de ideologia que eles defendem, o problema é ainda mais complicado, outras variantes devem ser investigadas.

Enquanto isso, me programo para mais cinema clássico essa semana!

Jadson.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Entre Agosinho e Apatow


“ Mas o que amo, quando te amo?”

Folheando um famoso comentário a obra de Santo Agostinho me deparei com essa citação do próprio Agostinho, o que me leva a refletir acerca do filme que vi ontem a noite antes de adormecer. O filme em questão é uma suposta comédia que me foi indicada pelo meu irmão-amigo Wesley de Castro e dirigida pelo cineasta Judd Apatow, até então ignorado por mim, tendo em vista que eu nunca fui com a cara da publicidade que gira em torno de suas produções, estas são lamentáveis naquilo em que anuncia, geralmente as cenas em destaque são de absoluto mau gosto quando destituída de seu contexto original e alinhada a uma típica produção de comédias insossas típicas do cinema americano.

Recentemente vi um filme roteirizado e produzido pelo Apatow e fiquei absolutamente encantado e entregue ao tipo de drama disfarçado de comédia que ele costuma criar e por mais que meu melhor amigo teimava e insistia para que eu assistisse, eu não lhe dava crédito, por isso essa publicação é um retratação pública com ele e com o cinema proposto pelo cineasta supracitado.

No filme que assisti ontem um famoso e bem sucedido astro-comediante vivificado de forma surpreendente pelo ator Adam Sandler descobre que tem um tipo raro de câncer, paralelamente um um grupo de amigos comediantes tentam alçar a fama, sendo que um deles é contratado pelo astro para escrever piadas. A medida que a narrativa avança eles vão se tornando amigos e o famoso comediante vai se recolocando de volta à vida, inclusive quando tenta reconquistar uma antiga paixão. A muito mais nesse roteiro cheio de reviravoltas que mantém uma tensão salutar entre o drama, a comédia e a crítica ácida ao aos tempos atuais e ao mundo dos comediantes em que a própria trupe do filme se inscreve, mas ainda assim, a interrogação que inicia esse texto é o que mais faz desse filme uma obra de pura vida e de pura entrega a algo que talvez não seja passível de resposta.

J.

terça-feira, 6 de março de 2012

A caminho de algum lugar

Caro Diário

Viajei. E as coisas precisam voltar para o seu lugar.
Definitivamente Belo Horizonte é um lugar que me sinto bem.
Já estou m Goiânia novamente.

Outro dia estava lendo que a noção de paisagem é típica do homem civil, não havia esta noção entre os índios por exemplo, Tendo em vista que eles não se diferenciavam da natureza em que viviam.

Belo horizonte. Seria um bom lugar para viver.
Fiquei na casa de um Homossexual. Que nutre simpatia pelo modelo heteronormativo que rege a nossa sociedade já a bastante tempo.

Adaptação vai ser mais uma vez difícil, já sinto.




Sinto uma fragmentação estranha, desde as minhas coisas materiais que estão espalhadas em vários lugares, desde a paisagem nova que insiste em não-ser, a completa falta de harmonia com meu interior em constante devir.

Preciso escrever, preciso resolver problemas, criar outros tantos.
Hojê quero começar a ler algum romance, ainda não sei qual, sinto falta já.

DRIVE assim se chama um longa, o ultimo que vi em quase 10 dias.
Devo falar que me apaixonei pelo personagem central, queria ele pra mim.
E na espera que alguém assopre meu nariz e acaricie meus dedos.

O mundo estritamente gay é algo tenebroso, dá medo depois comento mais detalhes depois sobre isso. Por enquanto apenas digo que me encanta ideia da mistura de novas formas de relação e de singularidades que podem compartilhar cada qual com seus desejos....


Hoje. Assim estou.... recompondo-me.....

Ps: a foto eu estava em outro momento voltando....

J.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

De volta ao Cerrado e

Dizem que existe um veado do Cerrado.
Esperando no aeroporto por novos dias.
Ansioso para voltar à rotina.

O avião decolou as 5:15h

foi bom chegar qui em Brasília me sinto bem, eminentemente bem. no voo muitos idosos e muita gente com cara séria. inclusive eu.

No aeroporto perambularei até as 12:39 Quando enfrentarei outro voo.

Quero ver um filme, vou ver um filme hoje a noite, ainda não sei qual, se tudo der certo um musical. Talvez vá algum cinema ver o filme do Scorsese,

se não espero amanha quando chegar em Belo Horizonte e faz frio aqui. aliás me sinto bem no frio um doce tristeza que me encanta.

Sentirei saudades de meus amigos, muitas, mas eles são lindos e foi bom saber que cultivamos hodiernamente uma relação forte, constante e apesar das distâncias, nossos corações no entanto estão perto e por mais que está última frase soe clichê ela é verdadeira, eu creio nela e é plena de justificação e se alguém poem em dúvida nunca achrá certeza põe essa é só pra quem sente, apesar das evidências. (risos)

O avião pousou as 8:35.

J.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"EU NOS AMO"


Como sempre O OSCAR acabou por decepcionar.
Mas quem tem amigos de com força não passa apuros.
EU AMO ESSE POVO! AMO!!!!!!!!!!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dos mesmos e de alguns outros


Próxima quarta volto para Brasília ou melhor Goiânia. Reajustar as coisas, recolocar os livros debaixo do braço, recomeçar uma rotina. Enquanto tudo aponta para uma relocação de moradia, já que devo me mudar de forma definitiva e ao mesmo tempo de forma temporária para Brasília, fico cá pensando com meus botões o que estas férias me trouxeram de positivo e/ou negativo, se é que as coisas precisam ser colocadas desta forma...

Uma rápida reflexão(e clichê) é válida neste dia insípido:

1: Mudanças são sempre válidas ainda que doloridas.
2: Tais mudanças ocorrem vagarosamente e se efetuam com perdas e ganhos.
3: Não tire férias enquanto os amigos próximos estejam trabalhando.
4: Rotinas são importantes, mesmo que entediantes.
5: Solidão no período de férias é frustrante, mas necessária em momentos outros.
6: É sempre bom olhar para outros lados e deixar que os ouvidos se ocupem de novos barulhos.
7: Não tire férias com pendências, qualquer que seja ela!

Enquanto isso lembro dos filmes intensos do cigano Tony Gatlif,

que estará sempre por perto quando me encontro em situações de mudanças físicas, emocionais, substanciais e o diabo a quatro...


Recomeçar.

J.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Problemas não resolvidos, outros criados e contingências acontecem a toda hora.!


Querido diário

Hoje depois da insônia acordei cedo (rs). Sim acordei cedo e fui resolver algumas pendências no centro da cidade e encontrar uma amiga querida que estuda o pensador alemão Ludwing Feuerbach em um determinado programa de mestrado. Mesmo sendo criada sob uma rígida educação religiosa protestante e da qual não vai abdicar segundo ela mesma, ela consegue defender o pensador que tinha como projeto restabelecer a unidade integral do homem, que foi cindido pela redução operada pala ilusão do cristianismo e de qualquer outra religião baseada em entidades transcendentais. Divertida com todo o seu vocabulário de moça criada na roça, cria analogias impagáveis ao mesmo tempo que um recato a envolve de uma tristeza estranha.

Depois de encerrado o encontro, fui flanar pelo centro da cidade, olhei vitrines, senti o sol encarnando na pele, a multidão que descia e subia na rua principal, fui a mercado central, vi pessoas usando o crack , fique temeroso e fiquei com fome logo depois. Uma avalanche de pensamentos me tomava e eu não conseguia resolver um problema que teimava em permanecer, até que descobri que ele ia realmente permanecer.

Ao chegar em casa e preparar a janta, uma comida leve e de origem árabe, (sim só cheguei na noite) minha tia abre a porta e sorri pra mim. Eu só tentei. Tinha programado em ver filmes que concorrerão ao OSCAR no próximo domingo com meu querido irmão Wesley de Castro.
Meu amigo Rodrigo ligou de Juiz de Fora cidade mineira que é bem parecida com Aracaju e ao escrever aqui minha perna coça, tenho vontade de ir ao banheiro...

E assim a vida continua........

J.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O desejo era de deitar.....

Era segunda-feira de carnaval. Demorei a abrir os olhos. Me arrastei até o banheiro, meu corpo sofreu para ficar em pé. Decidi ir a casa de minha família no interior. Fui. Algo me engolia pra dentro de mim mesmo. Eu parei. Eu pensei. Não posso parar.

A estratégia era forçar a sair de dentro. Estas férias têm sido um caos emocional infernal. A muito tempo não sinto esse estado intranquilo, perturbador.....
Enquanto isso tento recolocar os parafusos no lugar. É tudo muito estranho... o corpo reage da forma mas estranha, um deslocamento em relação a rotina dos meus queridos amigos, desconectado com o “movimento” atual, estou sem lugar... sem lugar... sem “pátria”, sem paisagem.... como diria um bela música cigana... mas nasci para o amor, mesmo sem ninguém ao meu lado. Agora fico pensando será que estou sofrendo de carências múltiplas?... e fico publicizando isso.. o que me importa.... já não sou o mesmo, ando até me emocionando com coisas que normalmente eu teria raiva...

De fato o momento é estranho, a crise é das piores, sofrendo bloqueios criativos. e o pior é que eu sou o culpado, escolhas fiz, escolhas erradas, lamentos e mais lamentos... o problema é que não consigo não consigo, agonia grande, agonia, muita....

E para não dizer que fiquei só na queixa, tenho pessoas lindas que gostam de mim ou de um arremedo do que sou eu, e o que sou eu?

e assim deixo o refrão de minha recente e empolgante descoberta do CD DIURNO da banda AVA

Acorda Amor
vou me deixar amanhecer
vou me deixar espreguiçar
sair daqui
se espanta amor
olhe os preços da cidade
vamos voar
se tudo pode
acontecer



J.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Depois dizem que eu sou rabugento!

Em meio a festa da carne Tom Tywker me encanta com um filme bobo, bobo mesmo e o pior é que tinha tudo para ser universalmente perfeito, se não deixasse de lado questões de incrível relevância ética atual como a produção de órgãos via células tronco e a manipulação de cadáveres na confecção de supostas obras de arte e da própria produção artística no mundo contemporâneo e se enveredar apenas para o lado xaroposo de um romance triangular que me tocou, sim, me tocou!

Uma apresentadora de TV e membro de um conselho de ética médica se envolve com um geneticista dono de um laboratório de criação de órgãos e tecidos humanos a partir de células tronco e sintéticas e


ao mesmo tempo que é casada com um fabricante de ideias de artistas, melhor explicando, ele constrói esculturas e instalações idealizadas por artistas e tem câncer testicular e como se essa trama não bastasse ele acaba se apaixonando pelo geneticista que não sabe que o semi-eunuco é casado com a apresentadora.

Tom Tywker me pegou de surpresa, admito que no geral o filme é bobo e mal desenvolvido desperdiça questões basilares que se desenrolam no seio social atual, mas eu sou suscetível a “ não ser determinado pelo biológico” tese central do filme e foi aí que eu caí. E eu devo realmente esta passando por alguma crise existencial pra gostar e um filme cheio de firulas como esse.....

J

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Quando amanhece e o dia chove



Acordei as dez horas da manhã desse carnaval, com uma intensa chuva sintomática, como diria Immanuel Kant “é como se a natureza quisesse”. Tenho certeza me arrasará emocionalmente.... Mas sigamos em frente.....

Ontem recebi a bela visita de um casal inteligente, psicólogos recém formados e distintos em suas personalidades e não hesitei em por um filme do genial cineasta Brian De Palma para comemorar. Na verdade já havia prometido para meu amigo Dante Andrade, sendo De Palma um de seus cineastas favoritos, que não por acaso tem como personagens recorrente pessoas com estados mentais traumatizados, o que significa que é um prato suculento para um debate caloroso. É o que sempre acontece depois de ver um filme ao lado dos meus queridos Dante e Michele, que agradeço bela bela noite!

Alguns historiadores da filosofia costumam afirmar que esta é uma disciplina que se alimenta dela própria, o que eu não concordo por inteiro nem discordo absolutamente. Muitas questões filosóficas surgem a partir de cotextos sócio-culturais e outras tantas a partir da própria história da filosofia que continuamente vai se debatendo, recriando e revisitando a si mesma. O que me faz crer que o cinema, do mesmo modo, se alimenta continuamente de si próprio e ninguém melhor para provar a minha tese que Brian De Palma, não só por referenciar e reverenciar o cinema clássico e principalmente o mestre Hicthcock, mas também por representar a crise estética vivida pelo cinema americano depois dos movimentos modernos que ocorre tanto nos Estados Unidos como na Europa e outros lugares ao redor do globo em meados dos anos 60/70. Claro que o cinema de De Palma comporta vários níveis interpretativos, várias camadas representativas. Mas em Irmãs Diabólicas a crise vivida pelas gêmeas siamesas é construída com as recorrentes marcas registradas do diretor, radicalizando a técnica suspensiva criada pelo mestre do suspense através da tela que se divide em momentos de intensa tensão causando no espectador um sensação quase que insuportável de suspense. A hipérbole que alcança a trama se desvela e se desdobra como recriação intempestiva entre o clássico e o moderno.

A trama do filme, como não poderia ser diferente, é recheada de reviravoltas. Um caso rápido entre uma modelo e um ator negro termina no trágico assassinato do ator e é cometido pela irmã gêmea siamesa da modelo que é emocionalmente abalada depois que as duas foram separadas.... ao mesmo tempo que uma jornalista que mora em um prédio em frente testemunha o assassinato e busca investigá-lo, além do estranho ex-marido da modelo que a persegue continuamente, esse é o máximo que posso descrever dessa trama pra lá de maravilhosamente rocambolesca, tamanha são as surpresas que o roteiro do próprio Brain De Palma proporciona.

Ao fim da sessão estavamos extasiados e todas as teorias freudianas possíveis (rs) foram acionadas para uma belo debate acerca do comportamento humano, dos processos de curas psicanalíticos e ainda deu tempo para uma falar sobre o discurso filosófico do sujeito. Lindo.

Mas o dia amanheceu assim......

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Para não dizer que meu olhar ficou parado ou como ser derrotado por um refrão



Quem compartilha as situações do meu cotidiano sabe que eu tenho uma resistência conceitual para gostar de coisas que se intitulam como novas, principalmente quando se trata do gênero artistico musical. Sou muito restrito com aquilo que gosto de ouvir e essas “novidades” se propagam como se não houvesse toda uma história antecedente musical. A maioria da produção musical contemporânea é morna e não tem a paixão de outrora e de fato refletem uma época anômica que o máximo que levam a cabo é encher as letras de poesias melosas e xaroposas, além de fazer de todo tipo de ruído e sons esquizofrênicos melodias que se ancoram na pecha intelectualizantes para manobrar os poucos avisados. Contudo, não nego que essa fórmula pode funcionar, ao menos num campo emotivo. Quando espíritos velhos como o meu busca vivenciar os tempos atuais e acaba se envolvendo de alguma forma com essas novidades, a avaliação do presente é mais, digamos, crítica.

O que me leva a falar de um cantor que me derrubou, ainda que suas músicas se assentem na fórmula que acabei de descrever. CICERO e seu álbum CANÇÔES DE APARTAMENTO me conquistou, ainda não sei porque, mesmo encontrando uma tristeza que me emociona, mesmo que eu perceba uma entrega no jeito com que ele canta, mesmo que.... ainda não entendo..... e quando ouço o refrão:

Nem vi você chegar
Foi como ser feliz de novo
Nem vi você chegar
foi bom te ver sair de novo

Me derreto emotivamente, não há razão aparente, é puro sentimento que me invade, porque isso me tocou, porque? Porque?


Não se esqueça
por enquanto
de esquecer alguma coisa
pela casa
e vir buscar do nada


Gosto de todas as músicas de seu disco é de uma coerência interna quase assustadora para um álbum que se inscreve numa tendência de misturar toda espécie de miscelânea. É um álbum belo, recheado de músicas igualmente belas …..

Pelo Interfone

Fala pra ele
Que ele é um sonho bom
Que mudou o tom
Da tua vida
Comprida
Fala pra ele
Do disco do tom jobim
Do seu apelido e de mim
E chora
Ah, dindi
Se tu soubesses como machuca
Não amaria mais ninguém
Fala pra ele
Que a vida é um balão
Pra cuidar do seu coração
E chora
-pra onde elas vão?
-embora...
Ah, dindi
Se tu soubesses como machuca
Não amaria mais ninguém
Ah, dindi
Se tu soubesses
Ah, se tu soubesses
Não contaria pra ninguém
Fala pra ele o que nunca falou pra ninguém
Pra ele também.

J.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Um Pescoço, uma dor e o medo: reflexões de dias estranhos.


No filme Taiwanês O RIO, o personagem vivificado pelo ator fetiche do diretor Tsai Ming-Liang Lee Kang-sheng mergulha num rio poluído a fim de protagonizar uma cena em um suposto filme, ao passo que depois da execução do trabalho ocasional, uma estranha dor toma conta de seu pescoço. O filme se desenrola entre as visitas do personagem a uma sauna para homens solitários, a busca desmedida pela cura, um céu que teima em desabar em águas e uma incomunicabilidade desconcertante . A narrativa fílmica revela o mundo caótico de uma civilização destroçada em sua identidade pelos processos de produção que foram forjados ao longo da história e que em sua face mais cruel, além de desintegrar o que é sólido e referencial, passa a fragmentar a subjetividade do indivíduo, diferenciando-o e ao mesmo tempo tornando-o homogêneo e passivo no processo hodierno de subjetivação, o personagem pouco reage aos acontecimentos que lhe arrastam no seu cotidiano amorfo e entediantemente dolorido.

Lembro aqui dessa Obra-prima do cinema atual, porque desde que o ano entrou de porta a dentro que sinto uma anomia solitária em meu cotidiano, um mal-estar solapante do mesmo modo qual o personagem Hsiao-kang é imerso. Nas minhas últimas leituras apreciativas revelava que o cuidado de si é uma arma para resistir a máquina impiedosa da política econômica que nos circunda em dias pré-apocalípticos, quiçá apocalíptico, em que estamos vivendo. Em tal leitura, o autor lembrava que os gregos nutriam uma busca pela verdade interior capaz de construir uma interioridade baseada em uma estética da existência e defende que se já foi possível construir uma existência em que o dizer a verdade era imprescindível para a modulação de uma dada subjetividade, é possível encontrar brechas para produzir uma subjetividade que resista as imposições tecno-biológicas que exercem seu poder sobre os corpos. Mas sinto cada vez mais uma amargura tamanha que hoje amanheci com um dor lancinante em meu pescoço, resta-me produzir suspiro estéticos de existência ainda que virtuais....

e sejam bem-vindos.....

J.