sábado, 18 de fevereiro de 2012

Quando amanhece e o dia chove



Acordei as dez horas da manhã desse carnaval, com uma intensa chuva sintomática, como diria Immanuel Kant “é como se a natureza quisesse”. Tenho certeza me arrasará emocionalmente.... Mas sigamos em frente.....

Ontem recebi a bela visita de um casal inteligente, psicólogos recém formados e distintos em suas personalidades e não hesitei em por um filme do genial cineasta Brian De Palma para comemorar. Na verdade já havia prometido para meu amigo Dante Andrade, sendo De Palma um de seus cineastas favoritos, que não por acaso tem como personagens recorrente pessoas com estados mentais traumatizados, o que significa que é um prato suculento para um debate caloroso. É o que sempre acontece depois de ver um filme ao lado dos meus queridos Dante e Michele, que agradeço bela bela noite!

Alguns historiadores da filosofia costumam afirmar que esta é uma disciplina que se alimenta dela própria, o que eu não concordo por inteiro nem discordo absolutamente. Muitas questões filosóficas surgem a partir de cotextos sócio-culturais e outras tantas a partir da própria história da filosofia que continuamente vai se debatendo, recriando e revisitando a si mesma. O que me faz crer que o cinema, do mesmo modo, se alimenta continuamente de si próprio e ninguém melhor para provar a minha tese que Brian De Palma, não só por referenciar e reverenciar o cinema clássico e principalmente o mestre Hicthcock, mas também por representar a crise estética vivida pelo cinema americano depois dos movimentos modernos que ocorre tanto nos Estados Unidos como na Europa e outros lugares ao redor do globo em meados dos anos 60/70. Claro que o cinema de De Palma comporta vários níveis interpretativos, várias camadas representativas. Mas em Irmãs Diabólicas a crise vivida pelas gêmeas siamesas é construída com as recorrentes marcas registradas do diretor, radicalizando a técnica suspensiva criada pelo mestre do suspense através da tela que se divide em momentos de intensa tensão causando no espectador um sensação quase que insuportável de suspense. A hipérbole que alcança a trama se desvela e se desdobra como recriação intempestiva entre o clássico e o moderno.

A trama do filme, como não poderia ser diferente, é recheada de reviravoltas. Um caso rápido entre uma modelo e um ator negro termina no trágico assassinato do ator e é cometido pela irmã gêmea siamesa da modelo que é emocionalmente abalada depois que as duas foram separadas.... ao mesmo tempo que uma jornalista que mora em um prédio em frente testemunha o assassinato e busca investigá-lo, além do estranho ex-marido da modelo que a persegue continuamente, esse é o máximo que posso descrever dessa trama pra lá de maravilhosamente rocambolesca, tamanha são as surpresas que o roteiro do próprio Brain De Palma proporciona.

Ao fim da sessão estavamos extasiados e todas as teorias freudianas possíveis (rs) foram acionadas para uma belo debate acerca do comportamento humano, dos processos de curas psicanalíticos e ainda deu tempo para uma falar sobre o discurso filosófico do sujeito. Lindo.

Mas o dia amanheceu assim......

2 comentários:

Pseudokane3 disse...

Quero muito rever este filme... É inspirado até dizer chega! O uso da marca registrada da tela dupla chega ao píncaro da genialidade aqui: quase "inútil" a olhos destreinados (hehehehehehe) - E o final? Soberbo, né? E o começo? E o meio? Tudo aqui é genial! Deve ter sido uma experiência sumamente freudiana ter revisto este filme ao lado deste casal... Da próxima, eu compareço - e me ofereço como cobaia (hehehehehe) !

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Jadson Teles disse...

o primeiro comentário foi sobre o abandono Freudiano da hipnose! imagine o resto... sim filme pra mim é uma lição de como se faz cinema da crise! e com crise, heheeh!