sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Para não dizer que meu olhar ficou parado ou como ser derrotado por um refrão



Quem compartilha as situações do meu cotidiano sabe que eu tenho uma resistência conceitual para gostar de coisas que se intitulam como novas, principalmente quando se trata do gênero artistico musical. Sou muito restrito com aquilo que gosto de ouvir e essas “novidades” se propagam como se não houvesse toda uma história antecedente musical. A maioria da produção musical contemporânea é morna e não tem a paixão de outrora e de fato refletem uma época anômica que o máximo que levam a cabo é encher as letras de poesias melosas e xaroposas, além de fazer de todo tipo de ruído e sons esquizofrênicos melodias que se ancoram na pecha intelectualizantes para manobrar os poucos avisados. Contudo, não nego que essa fórmula pode funcionar, ao menos num campo emotivo. Quando espíritos velhos como o meu busca vivenciar os tempos atuais e acaba se envolvendo de alguma forma com essas novidades, a avaliação do presente é mais, digamos, crítica.

O que me leva a falar de um cantor que me derrubou, ainda que suas músicas se assentem na fórmula que acabei de descrever. CICERO e seu álbum CANÇÔES DE APARTAMENTO me conquistou, ainda não sei porque, mesmo encontrando uma tristeza que me emociona, mesmo que eu perceba uma entrega no jeito com que ele canta, mesmo que.... ainda não entendo..... e quando ouço o refrão:

Nem vi você chegar
Foi como ser feliz de novo
Nem vi você chegar
foi bom te ver sair de novo

Me derreto emotivamente, não há razão aparente, é puro sentimento que me invade, porque isso me tocou, porque? Porque?


Não se esqueça
por enquanto
de esquecer alguma coisa
pela casa
e vir buscar do nada


Gosto de todas as músicas de seu disco é de uma coerência interna quase assustadora para um álbum que se inscreve numa tendência de misturar toda espécie de miscelânea. É um álbum belo, recheado de músicas igualmente belas …..

Pelo Interfone

Fala pra ele
Que ele é um sonho bom
Que mudou o tom
Da tua vida
Comprida
Fala pra ele
Do disco do tom jobim
Do seu apelido e de mim
E chora
Ah, dindi
Se tu soubesses como machuca
Não amaria mais ninguém
Fala pra ele
Que a vida é um balão
Pra cuidar do seu coração
E chora
-pra onde elas vão?
-embora...
Ah, dindi
Se tu soubesses como machuca
Não amaria mais ninguém
Ah, dindi
Se tu soubesses
Ah, se tu soubesses
Não contaria pra ninguém
Fala pra ele o que nunca falou pra ninguém
Pra ele também.

J.

4 comentários:

Gomorra disse...

A gente gosta das mesmas músicas e dos mesmos refrões do mesmo disco... Acho que me irmano com tua hipocondria insone, portanto. Bem-vindo de volta ao universo 'blogger': isso libera tensão, meu bem. É masturbação com estilo! (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk) - WPC>

Jadson Teles disse...

oh, meu querido... vou ver se me masturbo com frequência....

Pseudokane3 disse...

Veja... e depois conte publicamente por aqui!

Eu também achei este disco excelente, mas não gosto de todo ele não... As faixas mais "los-hermânicas" demoraram um tantinho para me penetrar, ao contrário do magnífico refrão de "Ensaio Sobre Ela". Por outro lado, o que tu sentes com este disco me tomou de assalto em relação ao do Marcelo Jeneci: fazia tempo que eu não me sentia tão atordoado com a coerência interna de um álbum em que TODAS as faixas funcionem discursiva e emocionalmente: somos filhos e padrinhos da crise!

WPC>

Jadson Teles disse...

Janeci é um fofo também... e Cícero é triste, os Los Hermanos pretensiosos!e repito: não entendo porque eu gosto...