Hoje não foi um bom dia. Ontem tive um pesadelo, minha mãe
me mostrava o braço cheio de ferida e depois teve que decepá-lo, teve mais
coisa que não lembro. Acordo agoniado e assim permaneci pelo dia todo e pra
além de uma crise de rinite alérgica que me tom desde a semana passada,
sobrevivo....
Preciso voltar as
minhas atividades hodiernas antes que uma crise de impotência me sufoque.
Ontem vi um filme que me lançou de volta a minha infância em
Itaporanga, que não é uma região sertaneja é fato, mas como nasci em um povoado
desse munícipio sergipano, muito pobre e afastado do centro da cidade onde o
clima de isolamento se faz a todo instante, não tive como não me emocionar
diante do que se desenrolava na tela. Pensei que iria odiar esse filme: MUTUM é
um retrato impressionante de muitos lugares no país e de muitos como eu!
O filme é de uma rara beleza, não apenas pela deslumbrante
fotografia, mas por retratar um isolamento que condiciona ao sofrimento e a
construção de subjetividades igualmente distantes, vazias e secas ao mesmo
tempo em que o inverso é possível e no contrates combativos destas duas forças
que o filme genialmente se dilata no tempo de sua narrativa.
Baseado em um conto do livro “Campo Geral” de João Guimarães
Rosa, que narra a estória de uma família que mora isolada no sertão de Minas
Gerais sob o olhar de Tiago uma criança que é acusada pelo pai de “se achar
melhor que os outros” e ignorado pela avó ao mesmo tempo em que recebe
afetuosos carinhos da mãe e do tio e a cumplicidade do irmão. O filme se
desenrola mantendo certo distanciamento para não gerar um suposto sentimento de
piedade no espectador, nada é excessivo. O corte é preciso. Ao mesmo tempo em que a câmera é próxima do
corpo, da pele dos personagens.
E o
dia continua assim distante, seco....
Um comentário:
Vi apenas o começo de MUTUM, no mês de dezembro passado... Estava muito barulho na rua e não deu para prestar atenção ao filme, que é intimista. Tive que desligar a TV e esperar uma nova sessão. Também cria que ele era não-bom, visto que odiei o filme anterior da diretora, mas Thiago Deus me recomendou esse filme de pé. Eu acredito nele! E mais em tu agora!
Quanto ao pesadelo, muito forte de fato. Gosto de pesadelos... Aprendo com eles, me encanto com essas tramas tão vorazes que tantos nos querem dizer: interprete-o, me aparece um tanto evidente até... Lindo!
De resto, enfrentemos dias como esse: junto, como estamos a fazer nos últimos dias em especial! (WPC>)
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