Meu corpo envelhece e com isso
perde sua antiga forma, os órgãos que já não são os mesmos aponta um amargo que
me escapa a boca, uma nova forma surge no exterior e uma nova sensibilidade
aflora intimamente, sinto como se o mundo reclamasse uma nova relação com a
natureza e consequentemente comigo mesmo, afinal não estou fora do mundo. Urge também
uma nova relação com o tu sensível do outro e do totalmente outro, em suma uma
nova estetização da vida.
O meu novo-velho corpo me obriga
à contenção, devo negar a expansão ilimitada de meu desejo em nome da sobrevivência.
É preciso calar e recuperar o meu ser perdido, olhar o futuro imediato com
novos olhos. Obedeci em partes a meu desejo por muito tempo, agora é preciso
recuperar o corpo, colocá-lo em sintonia com o meu desejo ou com o meu espírito (que paradoxalmente é mais que meu ser)
para reencontrar-me.
Devo encontrar um meio para que o
meu corpo não apague meu desejo e que meu desejo não apague o meu corpo, pois é
tempo do entardecer. É tempo de humildade....
Em meio ao conflito com meu corpo-espirito-desejo,
vejo um filme menor, previsível em suas conclusões dramáticas e conduzido de
forma pouco convencional, mais ainda assim bonito, um filme sobre a natureza,
sobre o ser jovem, sobre a sensibilidade do ser, razão e coração, sentir o
mundo, sentir o corpo e se embriagar do verde das árvores e do frio vento que
sopra, deixando que o desejo tome formas.... NO BOSQUE é um filme assim, sobre
impressões, sobre o deixar-se perder em meio à beleza extasiante da natureza e
por vezes permitir que os corpos humanos se toquem, foi importante recuperar a
reflexividade do meu eu mesmo....
Tenho problemas com filmes
experimentais, forçosamente experimentais, de modo que não sei se fiz
concessões demais com esse filme, mas ao fim acabei gostando muito dele, tinha
um frescor juvenil que alegrava meu coração, tinha natureza, tinha desejo,
tinha vida!
J.
4 comentários:
Que pôrra cronenberguiana é esta na imagem?
Na madrugada de hoje, enquanto tentava dormir, tive pesadelos despertos com meus borborigmos!
E eu concordo contigo acerca das fórmulas experimentais, mas sou mais "vendido" que tu. Logo, talvez eu goste do filme, sim, senhor!
E bem-vindo de volta, moço!
WPC>
OLHE DIREITO MENINO A IMAGEM É UM ABRAÇO! rsrs
e obrigado estou de volta sim!
J
Um abraço vindo de onde? Do útero???!!!
Ah, aquilo ali é uma orelha, uma mulher de costas...
Pensei que fosse uma boceta explodindo, sei lá... De um cronenberguiano viciado em remédios como tu, espero tudo! (WPC>)
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